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Ponto para quem luta pelo ecumenismo: Campanha da Fraternidade 2021

  • Foto do escritor: Guilherme Salgado
    Guilherme Salgado
  • 17 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura


Começa hoje, 17 de fevereiro, da Quarta-feira de Cinzas à Páscoa (são 40 dias, daí o nome Quaresma), a Campanha da Fraternidade 2021, criada em 1964, endossada pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, o Conic.


Faz parte de um ciclo de cinco CFs, todas ecumênicas, seguindo o que está na Carta aos Efésios: “Cristo é a nossa paz; do que era dividido, fez uma unidade”. E ressalta: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”.


Mas por apresentar tema tão delicado, já se mostra polêmica, lembra Ana Beatriz Dias Pinto, de Curitiba, professora de Teologia no Studium Theologicum e membro da Comissão de Comunicação da Arquidiocese.

“Como fruto do delírio coletivo acirrado por meio do bizarro contexto político em que o Brasil se encontra, esperavam-se críticas à proposta. Afinal, ela convida à verdadeira conversão – algo que nem todo cristão, mais de nome do que de obras, é capaz de vislumbrar”.


A proposta da CF “chocou”, continua a professora. E qual o motivo para tanto transtorno? Simplesmente convida “comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual”.

“A proposta é justamente o que causa alarde no cristão que adora fazer escândalo e chamar quem fala de problemas sociais ou de pobreza dentro do âmbito teológico de comunista, e isso o motiva a ataques contra o ecumenismo”.


Os que esperam por mudanças fazem campanha visando à fraternidade. Os contrários iniciaram uma contracampanha. E ela é desserviço, que revela o desejo intencional de se dividir ainda mais o povo – do que unir. Exemplo é o vídeo Saiba quem está por trás da Campanha da Fraternidade!, divulgado pelo ultraconservador Centro Dom Bosco do Rio de Janeiro: verdadeira arma de propagação de ódio e calúnias infundadas, que do carisma salesiano nada tem. É material digno de repúdio, pois conclama à falta de unidade.


Quem entra para a escola da paz que cria unidade?


O padre redentorista Dalton Barros de Almeida, da Igreja da Glória, aqui em Juiz de Fora, profícuo produtor de belos textos que certamente poderiam ser reunidos em um livro, divulgou artigo sobre a CF 2021.


“A CF auxilia a percepção compreensiva da fé e nos faz crescer em consciência de que a Páscoa redentora de Jesus nos envia como missionários para a redenção dos tempos que vivemos. Firmamo-nos na tradição cristã que a Quaresma, à luz da Páscoa, é tempo favorável, período de conversão e autorreflexão”.


A deste ano é de longo alcance: “Quaresma, que ela ajude a florescer a cultura da paz como consequência da transformação de todas as estruturas desiguais, como o racismo, a disparidade econômica; de todas as formas de segregação, geradoras de conflito e violência”.


Acrescentou: “Constato que a estreiteza de certos irmãos se soma a vozes dissonantes, veiculadas em redes digitais. Ah, que as discordâncias não anulem a conversão ao diálogo e ao compromisso do amor!”


“Uniformidade não é preciso e nem desejável. A diversidade é bem-vinda no respeito mútuo e diálogo, estes sim indispensáveis. A busca de comunhão nos une. No partir do pão os olhos se abrem: Jesus é Pão da Unidade. Não vale a pena insistir sobre o que nos desune. Na convivência ecumênica se revelam as experiências que qualquer fala de uma das partes nunca é neutra. Ou faz viver uma parábola de comunhão, retarda caminhos ou se esfriam as relações”.


“Que você não seja desses que só gostam de ler (e aceitar) nos escritos de outros os próprios pensamentos, sobretudo quando bem redigidos na linguagem a que se habituaram. Celebremos tendo revisto nosso estilo de vida. Celebremos como nova criatura em novas apreensões do cotidiano. Conversão é tirar o marasmo do coração”.


“Entre na Escola do amor criativo e fiel. O vírus da intolerância é devastador. Neste cenário sociocultural de inseguranças e incertezas, recheado de fantasias destrutivas, inimigos imaginários por todos os lados, até mesmo nos Campos do Senhor, procure a Paz e faça seu caminho com ela”.


Os temas abordados testemunham a sintonia com a vida da população, especialmente a percepção dos grandes problemas que atingem, sobretudo, os pobres, os quais nem sempre têm a quem recorrer em seus sofrimentos devido às situações injustas. É justamente o que incomoda os que vivem uma religião descontextualizada da realidade. Afinal, o povo que questiona a fome, a miséria e a violência pode despertar para pensar e agir comunitários.


E isso ultraja: povo inerte é massa de manobra, quando passivo é manipulável.


Há uma página com três videoaulas, além de deixar disponíveis na internet o texto-base e materiais diversos. O conteúdo apresentado pelo padre Patriky Samuel Batista é didático, rápido e objetivo:


 
 
 

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